sexta-feira, 4 de junho de 2010

Por quem os sinos dobram?


           Diante dos últimos acontecimentos em Fronteiras, minha cidade natal, lembrei-me do testamento de Alexandre, O Grande, que fez a seguinte recomendação:
“Quando eu morrer quero que durante todo o meu cortejo, ao longo das ruas, os meus empregados vão jogando moedas de ouro para que todos saibam que os bens materiais que adquirimos  durante a vida ficam aqui na terra; quero que o meu caixão seja conduzido por médicos, para que todos saibam que a medicina tem limites e não opera milagres e por último que o meu caixão tenha dois buracos nas laterais e a minhas mãos fiquem abertas e por fora dos buracos, estendidas, para que todos os que acompanhem o meu enterro vejam as minhas mãos abertas e vazias e tomem consciência que nascemos de mãos vazias, e ao morrermos não levamos nada de bens materiais”.
                O que iremos apresentar ao Senhor, “O grande olho que tudo vê”, será apenas as nossas ações, as nossas atitudes e todas terão o mesmo nível: pobre e rico, negro e branco, pobre ou plebeu, todos diante do criador terão o mesmo valor, serão julgados da mesma forma, havendo apenas uma diferença: “Àquele que muito foi dado, muito será cobrado.”
Diante do exposto questiono: A dor da mãe pobre é menor que a dor da mãe rica, ante a morte de um filho? Para muitos em Fronteiras parece que sim, que o pobre não tem sentimento, que ao perder seus filhos, os mesmos podem ser enterrados em qualquer lugar, em qualquer vala, pois é besteira chorar e querer enterrar o filho com dignidade na sua terra natal e ao final da tarde ir ao cemitério acender velas, rezar e aguar as flores, tentar amenizar a saudade, pois como diz o poeta: a saudade é o revés do parto; saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”.
Parece que os nossos políticos e representantes do poder público de Fronteiras não sabem que coração de mãe é diferente, pois mesmo morto ela quer os restos mortais do filho por perto, para quando a cruz da saudade chegar ela possa se debruçar sobre a cova e dar vazão a sua dor.

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