sexta-feira, 4 de junho de 2010

Continuação do Artigo: Por quem os sinos dobram?

Faço essa reflexão, pois no sábado, dia 29 de maio, um jovem Fronteirense de apenas 24 anos foi assassinado em Brasília, Roberto Pereira Marinho, filho de Maria da Guia e de Fluminense, neto de Mestre Roque e de dona Deli.
Ao saber da morte do filho, a mãe aos prantos, sem condições de trazer os restos mortais do filho recorre ao poder público de uma cidade rica como a nossa, cujo repasse ao município só perde para Uruçuí, e aí descobre a indiferença diante a sua dor; começa aí um jogo de empurra-empurra, o prefeito que está no poder não pode mandar pegar o corpo em Brasília, pois irá entregar o cargo na segunda-feira, o prefeito que assume o cargo na segunda-feira não manda pegar os restos mortais em Brasília, pois o fato aconteceu quando ele estava fora do cargo e assim vão sutilmente se eximindo de qualquer atitude. 
Começa uma campanha para ajudar essa mãe que clama no meio das ruas. Por iniciativa do Dr. Norberto a campanha é lançada, porém o nosso povo é pobre, mesmo tendo um coração generoso, eles não podem dispor de grandes quantias.
Na terça-feira, dia 1º de julho faço uma visita à mãe do jovem e resolvo intervir, peço ajuda aos Fronteirenses que moram em Brasília, um deles vai ao IML, negocia com a Funerária e a mesma cobra 4.500,00 R$ (quatro mil e quinhentos reais) para vir entregar o corpo no caixão, embalsamado e pronto para ser enterrado. Começa o jogo das negociações com a funerária e conseguimos diante da exposição da realidade da mãe, baixar o preço do translado para 3.500,00 R$ (três mil e quinhentos reais), quantia grande para a família, porém insignificante para a Prefeitura de Fronteiras, para a Secretaria de Ação Social, que talvez não tenha obrigação legal, mas normalmente creio que sim, pois trata-se de um caso especial que não ocorre a todos os dias e envolve um filho da terra.
Autorizo o preparo do corpo e do translado, negocio com a funerária e envio 50% do valor, começamos a correr atrás de ajuda; muitos que prometeram começaram a retroceder, pois não acreditavam que alguém tivesse coragem para assinar uma autorização por fax e assumir a responsabilidade do translado, uma vez que o enterro já estava marcado para o Cemitério de Planaltina em Brasília.
A família reúne o que tem e me entrega, o Sr. Genilson (Diretor do Hospital) da a ajuda inicial seguido do Dr. Norberto e do Sr. Heráclito Bezerra (FRIGOTIL) e de trabalhadores Fronteirenses que ajudam de coração com o pouco que dispõem, mas se torna grande diante da necessidade e da boa vontade, com muita luta conseguimos arrecadar 1.100,00 R$ (mil e cem reais), pois o prefeito dá uma ajuda de 500,00 R$ (quinhentos reais), a mãe dirige-se ao Banco do Brasil tentando um empréstimo de 2000,00 R$ (dois mil reais) para completar o dinheiro da Funerária, que está a caminho, saiu ontem de manhã trazendo o corpo e deve chegar hoje (dia 04 de junho) às 15 horas, está vindo devagar devido as fortes chuvas que caem durante o percurso.
Recebo a notícia que chegamos a 1.500,00 R$ (mil e quinhentos) pois o Dr. Josué, o gerente do Banco do Brasil e a Vereadora Alba mandaram suas contribuições.
Para encerrar quero dizer que os sinos dobram por Fronteiras, cidade cujo os detentores do poder acham que apenas os filhos dos pobres são vulneráveis e podem se tratados de qualquer forma, esquecem que todos somos iguais perante a Deus e que não são missas celebradas e concelebradas, com flores, retratos, velas, cânticos e ladainhas, com padres comparando com a dor  da mãe de Jesus, Nossa Senhora das Dores, que irá mudar a opinião de Deus diante dos nossos atos, esses rituais servem de consolo para quem fica, serve de alento para a família, pois para o Supremo Criador, o Deus da Justiça, cada um será julgado e avaliado por seus atos, por seu coração que rege suas atitudes, pois os homens passam e suas ações ficam.

Que Deus apiede-se de nós.
Prof. Herivelto Ribeiro Bezerra

2 comentários:

  1. E com pesar que leio este depoimento do meu amigo Herivelto na coluno do Jackson, pois muito me entristesse como fronteirense que sou, saber que os órgão competentes que tem o dever de apoiar as familias nessas horas trágicas se omitem a luz da obrigação. No que tange a minha participação nesse triste episódio ficou o meu despreendimento e boa vontade de ajudar, porem sem poderes legais para ingerir sobre seus familiares, só resta me envergonhar dos nossos representantes e pedir a Deus que perdoem pois eles nao sabem o que estão fazendo, são meros farizeus que vivem as custas do herário público e nada fazem pelos os menos favorecidos.
    ASS. JOSÉ ODON, Brasília, em 05-06-2010.

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  2. Congratulo-me a você Herivelto, é isso mesmo que acontece na nossa cidade, indiferença e descaso ao necessitado. Deveriam "os comandantes" saberem que irão prestar contas a Deus de todos os seus atos. Muitos são os depoimentos semelhante a este. Rosângela Santiago.

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