Faço essa reflexão, pois no sábado, dia 29 de maio, um jovem Fronteirense de apenas 24 anos foi assassinado em Brasília, Roberto Pereira Marinho, filho de Maria da Guia e de Fluminense, neto de Mestre Roque e de dona Deli.
Ao saber da morte do filho, a mãe aos prantos, sem condições de trazer os restos mortais do filho recorre ao poder público de uma cidade rica como a nossa, cujo repasse ao município só perde para Uruçuí, e aí descobre a indiferença diante a sua dor; começa aí um jogo de empurra-empurra, o prefeito que está no poder não pode mandar pegar o corpo em Brasília, pois irá entregar o cargo na segunda-feira, o prefeito que assume o cargo na segunda-feira não manda pegar os restos mortais em Brasília, pois o fato aconteceu quando ele estava fora do cargo e assim vão sutilmente se eximindo de qualquer atitude.
Começa uma campanha para ajudar essa mãe que clama no meio das ruas. Por iniciativa do Dr. Norberto a campanha é lançada, porém o nosso povo é pobre, mesmo tendo um coração generoso, eles não podem dispor de grandes quantias.
Na terça-feira, dia 1º de julho faço uma visita à mãe do jovem e resolvo intervir, peço ajuda aos Fronteirenses que moram em Brasília, um deles vai ao IML, negocia com a Funerária e a mesma cobra 4.500,00 R$ (quatro mil e quinhentos reais) para vir entregar o corpo no caixão, embalsamado e pronto para ser enterrado. Começa o jogo das negociações com a funerária e conseguimos diante da exposição da realidade da mãe, baixar o preço do translado para 3.500,00 R$ (três mil e quinhentos reais), quantia grande para a família, porém insignificante para a Prefeitura de Fronteiras, para a Secretaria de Ação Social, que talvez não tenha obrigação legal, mas normalmente creio que sim, pois trata-se de um caso especial que não ocorre a todos os dias e envolve um filho da terra.
Autorizo o preparo do corpo e do translado, negocio com a funerária e envio 50% do valor, começamos a correr atrás de ajuda; muitos que prometeram começaram a retroceder, pois não acreditavam que alguém tivesse coragem para assinar uma autorização por fax e assumir a responsabilidade do translado, uma vez que o enterro já estava marcado para o Cemitério de Planaltina em Brasília.
A família reúne o que tem e me entrega, o Sr. Genilson (Diretor do Hospital) da a ajuda inicial seguido do Dr. Norberto e do Sr. Heráclito Bezerra (FRIGOTIL) e de trabalhadores Fronteirenses que ajudam de coração com o pouco que dispõem, mas se torna grande diante da necessidade e da boa vontade, com muita luta conseguimos arrecadar 1.100,00 R$ (mil e cem reais), pois o prefeito dá uma ajuda de 500,00 R$ (quinhentos reais), a mãe dirige-se ao Banco do Brasil tentando um empréstimo de 2000,00 R$ (dois mil reais) para completar o dinheiro da Funerária, que está a caminho, saiu ontem de manhã trazendo o corpo e deve chegar hoje (dia 04 de junho) às 15 horas, está vindo devagar devido as fortes chuvas que caem durante o percurso.
Recebo a notícia que chegamos a 1.500,00 R$ (mil e quinhentos) pois o Dr. Josué, o gerente do Banco do Brasil e a Vereadora Alba mandaram suas contribuições.
Para encerrar quero dizer que os sinos dobram por Fronteiras, cidade cujo os detentores do poder acham que apenas os filhos dos pobres são vulneráveis e podem se tratados de qualquer forma, esquecem que todos somos iguais perante a Deus e que não são missas celebradas e concelebradas, com flores, retratos, velas, cânticos e ladainhas, com padres comparando com a dor da mãe de Jesus, Nossa Senhora das Dores, que irá mudar a opinião de Deus diante dos nossos atos, esses rituais servem de consolo para quem fica, serve de alento para a família, pois para o Supremo Criador, o Deus da Justiça, cada um será julgado e avaliado por seus atos, por seu coração que rege suas atitudes, pois os homens passam e suas ações ficam.
Que Deus apiede-se de nós.
Prof. Herivelto Ribeiro Bezerra
E com pesar que leio este depoimento do meu amigo Herivelto na coluno do Jackson, pois muito me entristesse como fronteirense que sou, saber que os órgão competentes que tem o dever de apoiar as familias nessas horas trágicas se omitem a luz da obrigação. No que tange a minha participação nesse triste episódio ficou o meu despreendimento e boa vontade de ajudar, porem sem poderes legais para ingerir sobre seus familiares, só resta me envergonhar dos nossos representantes e pedir a Deus que perdoem pois eles nao sabem o que estão fazendo, são meros farizeus que vivem as custas do herário público e nada fazem pelos os menos favorecidos.
ResponderExcluirASS. JOSÉ ODON, Brasília, em 05-06-2010.
Congratulo-me a você Herivelto, é isso mesmo que acontece na nossa cidade, indiferença e descaso ao necessitado. Deveriam "os comandantes" saberem que irão prestar contas a Deus de todos os seus atos. Muitos são os depoimentos semelhante a este. Rosângela Santiago.
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