sexta-feira, 29 de maio de 2020

Médica fronteirense relata a árdua e emocionante batalha contra a COVID-19 em São Paulo

Com o rosto marcado pelo uso contínuo dos equipamentos de proteção usados por horas exaustivas, a médica fronteirense Dra. Camila Loredana, filha da professora Célia Alves e do advogado e vereador Juraci Bezerra, fez ao Site UOL um relato sobre a batalha que trava diariamente contra o coronavírus na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Confira na íntegra o relato:

Camila Loredana, residente em infectologia no HC, com e sem a paramentação para lidar com pacientes gravíssimos de Covid-19

Aos 26 anos e no início do segundo ano de residência em infectologia, a médica Camila Loredana desempenha uma função muito dura e importante neste delicado momento que atravessamos. Ela trabalha em uma das UTIs do Hospital da Clínicas, em São Paulo, centro de referência no país, integrando uma equipe dedicada a 13 leitos para pacientes gravíssimos. No HC, há hoje 275 UTIs só para Covid-19. Todos os dias são desafiadores — alguns mais que os outros. "O final de semana passado foi bem difícil", conta Camila. "Tivemos várias intercorrências, inclusive outras mortes. Mas o pior momento foi quando dois pacientes tiveram parada cardíaca quase ao mesmo tempo."...
Camila lembra que ambos já estavam em uma condição muito grave. "A gente tinha trabalhado a noite inteira lado a lado com eles, já era dia e estávamos encerrando o nosso plantão. Quando vi [que o coração deles havia parado], nem pensei: a primeira coisa foi pegar o capote e o avental e entrar no leito para fazer o trabalho [as manobras para reanimar o paciente]. Quando a gente está lá, está muito envolvido. Tentamos de tudo, mas eles foram a óbito", conta com a voz embargada. "Toda equipe ficou muito abalada com a situação, todo mundo chorou. A sensação é de impotência. É impossível não se emocionar, não se colocar no lugar dos pacientes e dos familiares."... 
Há também muitas lágrimas de alegria. As melhoras, até mesmo as pequenas, são celebradas como vitórias. "Tenho uma paciente que virou minha xodó, já está na UTI há mais de um mês e esteve muito grave. Ela tem 40 e poucos anos, sem nenhum problema de saúde prévio", conta Camila. "Depois de um tempo, o tubo [para a ventilação] começa a fazer mal e o paciente tem que ser submetido a traqueostomia. Não acontece com todo mundo, claro. No começo, a gente pensava, será que ela vai conseguir [passar pela cirurgia]? Dia após dia, fomos conseguindo. Primeiro a traqueostomia deu certo. Depois ela foi se recuperando", relata. "Hoje ela me fez chorar. Ela está acordada e entende tudo. Fizemos... 


Fonte: Site UOL

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